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14/09/2017

Resposta a revista Galileu sobre a Coreia do Norte


(*) Gabriel Gonçalves Martinez

No dia 5 de setembro, a Revista Galileu, da Editora Globo, publicou em seu site uma pequena matéria com o esdrúxulo título de “Como uma mistura de fascismo e socialismo moldou a Coreia do Norte”.
Só estou escrevendo sobre isso aqui, pois o jornalista me citou na matéria, vinculado de alguma maneira o meu nome ao fascismo.

Como sugere o título, o autor da matéria tenta defender a tese de que o socialismo na Coreia do Norte tenha sido influenciado pelo fascismo, já que supostamente se sustentaria no mito vigente na península coreana do “nacionalismo étnico”, o que é mentira. É verdade que de fato exista um “nacionalismo étnico” em toda a península coreana, mas daí falar em fascismo, existe uma grande diferença.

A tese de que o socialismo na Coreia do Norte e o seu suposto “nacionalismo racial” tenham sido influenciados pelo fascismo japonês é cara ao “coreanólogo” Brian Myers, conhecido por ser “especialista” no estudo da literatura norte-coreana. O grande problema dessa tese é de que ela justamente se esquece de um “simples” fato: a ideologia que os norte-coreanos chamam de Juche surgiu de uma violenta luta contra o tal fascismo e nacionalismo racial japonês. Ou seja, representa o extremo oposto do que era defendido pelo fascismo.

O problema dessas “teses” acadêmicas é justamente que elas não vão à raíz do problema. Os acadêmicos burgueses não enxergam o fascismo como um movimento reacionário, de caráter agressivo, que representa as tendências mais reacionárias do capital financeiro, mas sim se tal ou qual país realiza desfile militar, se tem bomba atômica ou se chama o presidente do país de “grande líder”, etc. A exemplo do que fora feito pelo regime fascista alemão, italiano e japonês, qual país os norte-coreanos invandiram? Qual nação foi subjulgada pelas tropas de Kim Il Sung?

Vale lembrar que o lugar onde os fascistas japoneses e colaboradores da ocupação colonial foram preservados, e continuaram a ocupar cargos importantes, foi precisamente na Coreia do Sul, país onde o acadêmico Myers é professor.

Óbvio que não esperaria aqui que o jornalista fizesse uma analise marxista da Coreia, ou qualquer coisa do tipo, mas o nível de primarismo da grande imprensa é algo que beira o absurdo. Por exemplo, a parte em que o jornalista diz que o Juche seria semelhante ao fascismo, pois dizer que o “homem é dono de tudo” seria algo semelhante a tese da superioridade do homem ariano.

De qualquer forma, voltando ao problema do “nacionalismo racial” dos norte-coreanos, deixo aqui uma citação do Kim Jong Il, que por si só já demonstra que o nacionalismo norte-coreano, de caráter anti-imperialista e defensivo, não tem nada a ver com pregração de superioridade racial biológica e excludente. Não se trata, portanto, de um “nacionalismo racial”.

“O espírito de primazia nacional que preconizamos, não tem nada a ver com o racismo, nem com o chauvinismo racial. Não advogamos por uma especial evolução de nossa nação no plano biológico. O reacionário racismo burguês é o que define a superioridade ou a inferioridade de uma nação segundo as peculiaridades biológicas da raça. Os racistas burgueses, argumentando que as características nacionais são determinadas pelas peculiaridades raciais, qualificam de “raça superior” ao branco e de “raça inferior” o negro e o amarelo (...) O reacionário racismo serve unicamente como ferramenta ideológica para a política de discriminação racial e supressão nacional dos imperialistas”

* Gabriel Gonçalves Martinez é editor do site Solidariedade a Coreia Popular Brasil (http://solidariedadecoreiapopular.blogspot.com.br/) e membro do Centro de Estudos da Ideia Juche (Brasil), tendo viajado diversas vezes a Republica Popular Democrática da Coreia.

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